segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Morango com chocolate...

Já estava tarde. Chovia um pouco. Um copo de chocolate quente e um programa de humor eram sua companhia, o perfume do banho recém tomado vinha do banheiro, que sabonete cheiroso- pensou- teria valido a pena trocar a fragância. Pensou em algo para comer, mas todas as idéias eram extremamente calóricas, riu-se e imaginou que morangos combinariam com o chocolate. Foi até a geladeira e achou os frutinhos, vermelhinhos e saborosos, depois de prepará-los, engalfinhou-se no sofá quentinho. O gato miava querendo colo, mas ela o pôs na manta no chão próximo ao sofá, não demorou muito para que ele adormecesse.
O programa da TV estava muito chato, mas hoje em dia qual TV não anda chata? Percorreu os canais a cabo, achou uma comédia romântica, não! Ela não queria ver aquilo...  não teve jeito aquele ator lindo chamou sua atenção e aquela atriz, sim, eram o par perfeito. Ficou pensando como hollywood tinha este dom de juntar pares perfeitos, riu-se talvez fosse o caso de dar uma passadinha por lá, quem sabe encontraria algo. Já fazia três dias desde o rompimento, não se sabe ao certo qual teria sido o motivo da briga, um amontoado de coisas, talvez... um cansaço acumulado através dos anos? vai saber...
Mas, definitivamente, não queria pensar nisto, afinal, já teve tempo suficiente para ambos pensarem muito, agora só restava esperar e ver os acontecimentos.
O telefone tocou. Seu coração pulou num sobressalto, será que justamente ele teria resolvido ligar, suspirou fundo e depois do alô a decepção, era sua amiga que preocupada perguntava por onde ela andava, conversas, risinhos, algumas lágrimas, mais risinhos e a amiga desliga.
Antes só do que mal acompanhada, mas que isso? que bobagem era essa que ela estava pensando, depois de tantos anos juntos. Chega! Chega! Chega! O filme estava bom, era só aproveitar e ver Julia Roberts beijando aquele lindo do Hugh Grant, enfim valeria a pena. Riu-se de novo, como mulher era fácil de se enganar, era só ver romance na TV e pensar que era ela mesma no papel principal.
O filme já caminhava para o final, era o momento do arrependimento do moço de não ter ido atrás da amada e aquela correria de encontrá-la havia começado.
Lembrou-se do dia em que se perderam num parque de diversões, algo que parecia impossível de acontecer havia acontecido, ele estava em uma barraca de tiros e ela como sempre detestou armas, nem havia se arriscado, saiu destraída olhando as pessoas e as crianças brincarem com algodão doce, quando deu por si estava longe da barraca e quando voltou, ele já não estava lá. Ele havia terminado seus tiros e saído ao encontro dela na direção oposta, achando que ela queria comprar uma pipoca doce que estava mais a frente. Enfim, perderam-se. Ela ficou pensando no que sentiu naquele dia, um misto de medo com saudade, alguma nostalgia de estar ali sem ele, foi quando ouviu no alto-falante do parque- "Angélica, seu amado Luíz a aguarda ansiosamente em frente a roda gigante, por que ele disse para mim que sem você, não pode viver"- Foi hilário aquele dia, e quando chegou em frente a roda gigante, lá estava ele e mais um bocado de gente esperando para ver se a Angélica tão amada apareceria, lógico que teve o beijo e alguns aplausos tímidos... Olhou para a estante, lá estava a foto do dia do parque eternizando aquele momento, sentiu lágrimas nos olhos , enxugou-se, lembrou-se do filme, Hugh Grant já declarava seu amor por Júlia, na frente de um monte de repórteres...
Suspirou, pensando que lindo aquilo, comeu um morango. A campanhia tocou, outro sobressalto, com certeza não era ele, porque ele tinha a chave do apartamento, nem era alguém estranho, senão o porteiro teria avisado. Devia ser sua vizinha que lhe prometera levar um pedaço de alguma coisa gostosa que ela havia feito, pensou que era muito tarde, mas como a vizinha estava solitária... Comeu outro morango.
Abriu a porta e não podia acreditar, ele estava lá na sua frente, meio molhado pela chuva, com uma rosa na mão, um sorriso nos lábios e uma frase de amor na boca. Ela sorriu, afastou-se para que ele entrasse, pegou a rosa. Cheirou-a e foi surpreendida por um beijo, seu olhar interrogativo foi respondido pela resposta dele-estava limpando um restinho de chocolate.
Ela o abraçou, nada mais precisava ser dito naquele momento. Quando olhou a TV, Julia Roberts descansava num banco de jardim no colo de Hugh Grant, mas ela já não  fazia mais inveja, pois seu amado voltara.
Descobriu que afinal,  Hollywood, estava mais próximo do que ela imaginava.

2 comentários:

  1. OI Selminha, tudo bem?

    Que conto mais romântico!!! a volta é sempre maravilhosa quando se percebe que o motivo da ida foi apenas uma bobagem...

    beijos

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